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Brasil parou vendas voluntariamente no dia 4 de setembro, quan | Canal da Economia

Brasil parou vendas voluntariamente no dia 4 de setembro, quando casos suspeitos de vaca louca foram notificados. Cabe ao país asiático liberar a importação. Gado; vaca; carne
Juliana Amorim/Unsplash/Divulgação
A suspensão das vendas de carne bovina para a China completou 45 dias nesta terça-feira (19) sem expectativa de retomada e com reflexos no mercado, como quedas na exportação da proteína e no preço do boi gordo.
Os embarques para o país asiático, maior comprador da proteína animal do Brasil, foram interrompidos pelo Brasil no dia 4 de setembro, após casos suspeitos de vaca louca terem sido notificados em Minas Gerais e Mato Grosso.
A suspensão, determinada pelo próprio governo brasileiro, atendeu a um protocolo sanitário firmado com a China, que prevê interrupção do comércio em caso de identificação da doença, ainda que os casos identificados no Brasil não apresentem risco de contaminação.
Por outro lado, a decisão de retomada depende da China, que ainda mantém o veto.
Com a paralisação das vendas, a tonelada de carne bovina exportada por dia útil caiu pela metade em outubro, tanto em relação a igual mês de 2020, como na comparação com setembro deste ano, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Até a 3ª semana de outubro, o Brasil vendeu 4,5 mil toneladas de carne na média diária, contra 8,1 mil toneladas no mesmo mês do ano passado. Já em setembro de 2021, a exportação por dia útil chegou 8,9 mil toneladas.
Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, diz que, sem expectativa de retomada, a tendência é fechar o mês em torno das 4 mil toneladas diárias, após um recorde mensal de vendas em setembro.
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Arroba recua, mas carne segue cara
Com mais carne no mercado brasileiro, o preço da arroba bovina deve cair ainda mais, avalia a CEO da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel.
Na segunda-feira (18), a cotação do boi gordo chegou a R$ 267,8, o menor valor diário desde dia 30 de dezembro, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Em 28 junho deste ano, a arroba chegou a bater recorde de R$ 322.
"Esse movimento, entretanto, pode não deve se refletir ao consumidor. De janeiro de 2020 a agosto de 2021, por exemplo, o preço do boi subiu 60%, enquanto nos mercados subiu 40%. Então acredito que o varejo vai aproveitar esse momento para recompor margem [de lucro]", diz Lygia.
Boi parado
Para Fabbri, da Scot, a suspensão das compras da China vem em um dos piores momentos para o setor. Isso porque os bois que vão para o abate nos meses de setembro e outubro são os de confinamento, sistema que tem gastos elevados com alimentação.
"O custo está aumentado para segurar esses animais no cocho, pressionando muito os produtores", diz Fabbri.
O Ministério da Agricultura diz que o governo brasileiro aguarda uma decisão da China mesmo depois de a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ter analisado as informações prestadas e reafirmado o status brasileiro de “risco insignificante” para a vaca louca.
"Por tudo o que foi dito, não temos como estabelecer uma data para a retomada das exportações de carne bovina para a China, pois a decisão não cabe ao Governo brasileiro. Temos acompanhado de perto e com preocupação a situação dos frigoríficos", diz o ministério, em nota.
Na avaliação de Fabbri, o movimento chinês, neste momento, "tem um viés mais mercadológico", com o intuito de negociar preços menores para comprar a carne brasileira.
Já para Lygia, da Agrifatto, os chineses podem "não ter gostado" do fato de o Brasil ter embarcado carne bovina depois da notificação dos casos da vaca louca.
"As carnes exportadas foram as que já estavam certificadas antes do dia 3 de setembro. Então, pelo acordo comercial, está tudo ok. Mas pode estar ocorrendo divergências na interpretação do acordo", analisa.