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É difícil cravar uma resposta, pois os dados de estoque das em | Canal da Economia

É difícil cravar uma resposta, pois os dados de estoque das empresas não são públicos. No dia 27, o Ministério de Minas e Energia afirmou que o país tinha suprimento suficiente para 38 dias.
Especialistas consultados pelo g1 dizem que essa quantia é adequada. As empresas não fazem grandes estoques de combustível porque há custo para esse armazenamento e o valor mais alto do combustível no mercado internacional também desacelera as compras.
“Esse estoque serve para eventuais problemas de ruptura de fornecimento ou demanda muito grande por conta de algum choque”, explica Helder Queiroz, ex-diretor da ANP e professor de economia da UFRJ.
“Não vai faltar se importadores puderem trabalhar sem problemas, mas as empresas estão deixando de importar por conta da defasagem de preço e o burburinho em cima da questão dos combustíveis”, diz.
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Se há estoque de diesel, por que há preocupação?
Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP e professor da PUC-Rio, a preocupação com os estoques se justifica por dois motivos:
Primeiro, o segundo semestre traz uma pressão natural ao mercado de energia, pois junta a temporada de colheita da safra agrícola no Brasil com condições adversas de exportadores.
“Nos Estados Unidos — de onde vem boa parte do nosso diesel importado — há sempre chance de furacões, que diminuem a produção das refinarias. E há estocagem para o inverno no hemisfério norte”, diz.
Com esse potencial de pressionar a demanda por diesel, diz ele, seria interessante ter prudência.
Por fim, ele lembra que o mundo todo passa por um momento de choque de preços de energia, com temperatura alta no cenário geopolítico. Um novo aumento no mercado internacional pode agravar ainda mais o impasse de importação do diesel.
Quanto representa o diesel importado no total?
Os analistas dizem que, a depender da época do ano, o percentual pode variar de 25% a 30% de todo o diesel do país.
O que acontece se faltar diesel no país?
Além de (mais) uma alta natural do preço do combustível, segundo o economista Alexandre Chaia, professor do Insper, uma situação de desabastecimento de diesel causaria um efeito semelhante ao que ocorreu com a greve dos caminhoneiros em 2018.
Isso porque a matriz brasileira de transporte de carga é essencialmente rodoviária, e caminhões e veículos de transporte de carga dependem exclusivamente do combustível.
“As empresas teriam que selecionar o que transportar. Isso geraria um repique da inflação, porque os produtos passam a faltar na prateleira do mercado e, consequentemente, ficarão mais caros”, explica Chaia.
Blog da Ana Flor: Troca no comando da Petrobras deve levar ao menos 30 dias
O que a Petrobras pode fazer para que não falte diesel no país?
A Petrobras tem dois caminhos possíveis: voltar a seguir os preços do mercado internacional e estimular a concorrência com as importadoras, ou assumir a importação com prejuízo do diesel que será deixada de lado.
Para os especialistas ouvidos pelo g1, a primeira opção é a única viável, pois abraçar o prejuízo seria inadmissível.
“Seria um custo enorme para a empresa. Uma interferência forte na estratégia, com impacto para os acionistas — inclusive o governo federal. Isso indicaria uma inflexão nas condições de mercado atuais”, diz Helder Queiroz, da UFRJ.
Para Zylbersztajn, a Petrobras poderia, inclusive, dar uma sinalização mais clara de que não pretende abandonar o PPI. “Essa estratégia de segurar os preços não dá certo. Se não tem queda, é preciso impor um aumento enorme de uma vez só, como aconteceu no último ajuste.”
Em março, depois de 57 dias sem reajustes, a Petrobras aumentou em 24,9% o preço do diesel para as distribuidoras. Desde então, são 90 dias sem mudanças.
A proposta de reduzir o ICMS pode resolver o problema?
O governo federal espera que sim, mas os especialistas veem problemas na estratégia. Antes, é preciso entender como são formados os preços dos combustíveis.