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O que os olhos não veem... *Lais Camargo, analista de Renda F | Empiricus

O que os olhos não veem...
*Lais Camargo, analista de Renda Fixa da Empiricus

A segunda semana de maio não foi tão diferente das últimas (tantas). Os mercados lá fora continuam em uma toada negativa à exceção de alguns dias de tomada de fôlego. No centro das preocupações permanecem os preços do petróleo e seus derivados. A commodity, que partiu de menos de US$ 80 por barril no início do ano, se sustenta acima de US$ 100 por quase que a totalidade do tempo desde fevereiro.

De fato, o cenário para os preços do petróleo ainda parece pressionado no curto prazo. O primeiro verão europeu, de fato, pós-pandemia, deve impulsionar a normalização do número de voos, e a reabertura da China no segundo semestre após essa recente série de lockdowns são exemplos de fatores de risco altista esperados.

Nos EUA, a inflação medida pelo CPI divulgada na quarta-feira (11) veio acima do esperado e revelou uma dinâmica extremamente desafiadora para o Fed. A medida de núcleo do setor de serviços atingiu novas máximas históricas enquanto os preços de bens (mais sensíveis à política monetária) vieram com uma certa desaceleração.

Tudo isso também deixa a vida do nosso Banco Central (BC) mais difícil a cada dia.

Nesta segunda (16), o diretor Bruno Serra participou de um em evento com agentes de mercado e entregou uma mensagem mais branda em relação à leitura de inflação e expressou a preferência do BC em deixar a Selic estável em um patamar mais elevado por mais tempo para esperar que a inflação convirja para a meta no horizonte relevante.

Em outras palavras, isto significa mais demora em iniciar o ciclo de corte e, portanto, juros mais altos por mais tempo. Não por coincidência, ontem o mercado de juros futuros caiu principalmente nos vértices intermediários e longos da curva.

Por outro lado, a interrupção na publicação do relatório Focus devido à greve dos servidores do BC mantém revisões altistas de inflação um tanto quanto veladas.

Aquilo que os olhos não veem continua existindo.

As estimativas dos economistas de mercado para o IPCA de 2023 têm subido para algo em torno de 4,5%. Lembrando que o centro da meta do ano que vem é de 3,25% e o topo, 4,75%.

Olhando para a frente, essa dinâmica deve continuar favorecendo a alocação em títulos pós-fixados com vencimento de até um ano, prefixados com vencimentos intermediários e, como temos falado para nossos assinantes há algum tempo, para vencimentos de longo prazo no Brasil, continuamos preferindo títulos indexados à inflação isentos da cobrança de IR.