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zem barulho? E os milhares de assentados fazem o quê? E para c | Café Brasil

zem barulho? E os milhares de assentados fazem o quê?
E para culminar, veio aquela história de colocar um Zé Ninguém, inventado pela TV, como o estereótipo do brasileiro: o bonzinho, sem estudo, grandão, bobão e desocupado.
Olha, se o editor que fez aquela capa e os jornalistas que repetiram a asneira se identificaram com o ogro, deviam ter me poupado. Não me julgo ignorante, nem sem estudo, tampouco sou bobalhão e desocupado. Pelo contrário, traba-lho como um louco e tenho consciência de que meu país tem um monte de problemas que precisam ser resolvidos. Mas estamos MUITO melhor do que estávamos cinco, dez ou trinta anos atrás!
Em abril de 2001 eu estava no Nepal. Indo numa caminhada até o Campo Base do Everest. Saí de pouco mais de dois mil metros de altura para atingir o ponto máximo de 5.400 metros, na base da maior montanha do mundo. A trilha é de subidas e descidas terríveis, íngremes. O cansaço atinge proporções que não se imagina. Aí, a gente chegava extenuado ao pé de outro subidão. Olhava para cima e dava vontade de desistir. Mas ia subindo, devagarzinho, um pé... o outro... respiração pausada... outro pé... e ia indo, até chegar lá no alto. Aí, tinha de descer um monte para depois subir outra vez...
Sabe o que eu aprendi?
Primeiro, em vez de ficar olhando para cima para ver quanto faltava, come-cei a olhar para baixo e ver o quanto eu já havia subido. Era estimulante, moti-vador e me dava gás para ir cada vez mais longe. Depois, ao ver que após cada subida tinha uma descida, e outra subida, entendi que descer era parte da gran-de subida ao Everest. A gente tinha de descer para poder subir mais! Descer faz parte da trilha, faz parte do jogo, não é negativo, não é o fim, nem desestimu-lante!
Pois o que falta para nós, brasileiros, é exatamente esse entendimento. Aprender com o passado, em vez de esquecê-lo. Celebrar nossas conquistas, em vez de ficar permanentemente maldizendo os fracassos. Enfrentar e ajudar a mudar a realidade, em vez de ficar sofrendo com nossa incompetência, lançan-do a culpa nos outros. E MUDAR o futuro, em vez de aceitá-lo.
Quando a gente aprender a valorizar as nossas conquistas, talvez descubra-mos que o destino do Brasil não é traçado por Klebers Bam-Bams, por miserá-veis nem por ladrões. É traçado por brasileiros que acreditam que podem construir e viver um Brasil muito melhor.
Como aquele que eu encontro toda hora por aí.